segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

“Quem dizeis vós que Eu sou?” – Visões e Imagens contemporâneas de Cristo

Braga - O calvinista Jérôme Cottin abre o ciclo, o jesuíta Llyod Baugh encerra


Paul Gauguin, Calvário Bretão - O Cristo Verde, 1889  
(Musées Royales des Beaux-Arts de Belgique)

O ciclo de conferências “Quem dizeis vós que Eu sou?” – Visões e Imagens contemporâneas de Cristo inicia-se na próxima quinta-feira, em Braga (Auditório Vita, junto ao Seminário Nossa Senhora da Conceição, 18h-22h) com uma intervenção do teólogo calvinista francófono Jérôme Cottin, que falará sobre Imagens contemporâneas de Jesus na arte dos séculos XX-XXI: reflexão estético-cristológica.
A iniciativa pretende reflectir sobre os rostos de Cristo na arte contemporânea. A propósito, diz o texto de apresentação do ciclo: “A verdadeira arte é sempre expressão de uma visão do mundo e da história e do desejo espiritual do ser humano. Estas sessões públicas de cristologia pretendem ser uma oportunidade para a teologia académica entrar em diálogo profícuo com a arte contemporânea, mais especificamente com a pintura e o cinema, enquanto lugares intersticiais de sentido e de transfiguração existencial. Este ciclo será certamente uma oportunidade para os estudantes, docentes de religião e o público em geral acederem a outras fontes e fronteiras de reflexão nem sempre frequentadas e habitadas.” (Aqui pode ler-se um texto mais longo sobre as razões da iniciativa)
Professor na Universidade Protestante de Estrasburgo e de Paris e docente associado no Instituto Superior de Teologia das Artes do Theologicum do Instituto Católico de Paris, Jérôme Cottin irá abordar, quinta-feira próxima, “os pressupostos bíblico-teológicos, históricos-iconográficos, relacionados com a figura de Cristo ao longo dos tempos, para depois apresentar pedagogicamente as diversas imagens de Cristo presentes na arte dos séculos XX-XXI”. O seu objectivo será o de formular uma reflexão estético-cristológica a partir das imagens contemporâneas de Cristo e estabelecer as vias de um diálogo questionador entre teologia e a cristologia, de um lado, e a cultura contemporânea, do outro.
Diz Jérôme Cottin, sobre o tema da sua conferência, que a “arte tem, por vezes, ultrapassado a teologia” e que a liberdade de criação artística tem sido recebida de formas diferentes pelos cristãos. “Certos Cristos ‘chocantes’, que tiveram problemas na sua época, tornaram-se de seguida modelos normativos: Caravaggio, Leonardo da Vinci… O século XX mostra-nos que os Cristos ‘inculturados’, ou muito personalizados, são em geral teologicamente mais verdadeiros que os Cristos saídos de uma tradição iconográfica que se pretendia normativa ou fiel à ‘verdadeira imagem’, ao ‘verdadeiro Cristo’”.
Autor de uma vasta bibliografia (entre cujos títulos se contam La mystique de l’art. Art et christianisme de 1900 à nos jours, Dieu et la pub e Jésus-Christ en écriture d’images. Premières représentations chrétiennes, Cottin é ainda membro do comité científico da conhecida revista Arts Sacrés, membro do conselho científico da colecção Estética e espiritualidade, das Editions modulaires européenes (Bélgica) e membro da rede internacional Art and Christianity Enquiry.
A 22 de Abril, a segunda conferência deste ciclo (organizado em conjunto pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica – pólo de Braga, e o Auditório Vita), terá como interveniente o padre jesuíta canadiano Llyod Baugh, que falará sobre a figura de Cristo no cinema contemporâneo, antecedido pela exibição inédita do filme Su Re (Rei), de Giovanni Columbu.

Os encontros são de entrada livre e gratuita, sendo necessária apenas a inscrição para aqueles que desejam tomar um breve jantar, a servir no Auditório Vita, no intervalo da conferência. Mais informações: geral@auditoriovita.com ou secretaria.facteo@braga.ucp.pt.


Mark Wallinger, Eis o homem (1999), Hayward-Gallery-2014, 
foto de Linda Nylind


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