quarta-feira, 11 de março de 2015

Papa pede que teologia se faça na fronteira, nos conflitos e com a misericórdia no centro


(ilustração reproduzida daqui)

O Papa Francisco quer que a teologia se baseie na Revelação e na Tradição, mas que acompanhe também “os processos culturais e sociais, especialmente as transições difíceis”.  
Numa carta enviada ao cardeal Mario Aurelio Poli, magno chanceler da Universidade Católica da Argentina, a propósito dos 100 anos da sua Faculdade de Teologia, o Papa escreve: “Ensinar e estudar teologia significa viver numa fronteira, na qual o Evangelho encontra as necessidades das pessoas às quais se anuncia, de maneira compreensível e significativa”. E acrescenta: “Devemos guardar-nos de uma teologia que se esgota na disputa académica ou que contempla a humanidade a partir de um castelo de cristal. Aprende-se para viver: teologia e santidade são um binómio inseparável.”
Recordando que os 100 anos da Faculdade coincidem com os 50 anos do Concílio Vaticano II, o Papa diz que este significou uma “actualização, uma releitura do Evangelho na perspectiva da cultura contemporânea” e que produziu um “movimento irreversível de renovação que vem do Evangelho”.
Sobre o papel da teologia, o Papa Francisco diz que ele deve tratar também dos conflitos: “Não só dos que experimentamos dentro da Igreja, mas também os que afectam todo o mundo e que se vivem pelas ruas da América Latina. Não se conformem com uma teologia de gabinete. Que o lugar das vossas reflexões sejam as fronteiras. E não caiam na tentação de as pintar, perfumá-las, acomodá-las um pouco ou domesticá-las.”
O Papa diz ainda que a teologia deve ser expressão de uma Igreja “hospital de campanha” que vive a sua missão para a cura do mundo, centrada na misericórdia. “Animo-vos a estudar como, nas diferentes disciplinas – dogmática, moral, espiritualidade, direito, etc. – se pode reflectir a centralidade da misericórdia”, sem a qual a teologia, o direito e a pastoral “correm o risco de cair na mesquinhez burocrática ou na ideologia”.
O texto da carta pode ser lido aqui na íntegra, em castelhano.

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