quarta-feira, 10 de abril de 2013

50 anos da Pacem in Terris - a primeira saudação de um Papa a “todos os homens de boa vontade”


Os 50 anos da Pacem in Terris (Paz na Terra), a encíclica do Papa João XXIII, são o pretexto para o debate que, nesta quinta-feira, dia 11, juntará em Lisboa Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro de Reflexão Cristã, e a deputada Maria de Belém Roseira. 
No livro Caminhos da Justiça e da Paz (ed. Rei dos Livros), que reúne os mais importantes documentos da doutrina social católica desde 1891, recorda-se que aquela encíclica foi o primeiro documento de um Papa a dirigir-se também, na saudação, a “todos os homens de boa vontade”. Publicada a 11 de Abril de 1963, a PT surgiu já em plena realização Concílio Vaticano II. Esta encíclica, diz-se na apresentação da mesma, no livro citado, “talvez não tenha sido tão inovadora” quanto a Mater et Magistra, publicada por João XXIII em 1961, “e é de certa forma mais teórica, com uma longa reflexão sobre os direitos humanos no contexto do direito natural”. Mas, no documento, o Papa aborda “o problema da corrida aos armamentos e vê a necessidade de, nalguns casos, os direitos humanos serem restringidos, nomeadamente quando o seu exercício por uns se opõe aos direitos de outros menos capazes de os defender por si próprios; a insistência da Igreja na liberdade individual não deve ser aproveitada para dar cobertura à opressão”.
Num dos pontos da encíclica (PT 65), que pode ser lido como uma afirmação de grande actualidade, diz o Papa João XXIII que os governantes devem promover os direitos dos cidadãos “com o máximo de equilíbrio, evitando (...) que a precedência dada aos direitos de alguns particulares ou de determinadas empresas venha a dar origem a uma posição de privilégio dentro da nação”.
Esta afirmação, diz Michael Walsh na introdução citada, é “bem concreta”. Explica o organizador do volume: “Havia, e há, um certo número de países, incluindo alguns em que o catolicismo romano é a religião dominante, em que a defesa dos direitos do indivíduo serve para justificar a não intervenção do Estado em situações de flagrante injustiça.”
Na encíclica, acrescenta Walsh, faz-se uma defesa dos direitos humanos “a um ponto que, na altura, era novidade nas declarações oficiais da Igreja Católica”. A paz, acrescenta o texto da encíclica no final, deve ser baseada “na verdade, na justiça, no amor e na liberdade”.
O debate desta quinta à tarde é moderado por Pedro Freitas, decorre no Centro Nacional de Cultura (R. António Maria Cardoso, 68, ao Chiado), em Lisboa (metro Baixa/Chiado e é promovido pelo Movimento Internacional Nós Somos Igreja – Portugal, com o apoio do Centro Nacional de Cultura. A entrada é livre. 
(foto de João XXIII reproduzida daquionde há vários textos sobre o Papa Roncalli e a Pacem in Terris)

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