quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ordens Religiosas em congresso inédito



(Ilustração: Giotto, Aparição de Sao Francisco no Capítulo de Arles)

Começou esta terça-feira em Lisboa (vai até sexta) o Congresso Ordens e Congregações Religiosas em Portugal - Memória, Presença e Diásporas. Este é o texto da notícia publicada aqui.
Apesar dos conflitos entre a I República e a Igreja Católica em Portugal — incluindo a medida inicial da extinção das ordens religiosas —, houve mais congregações religiosas criadas nos anos do novo regime que nas nove décadas de monarquia constitucional.
Quem o diz é o historiador José Eduardo Franco, coordenador-geral da organização do congresso Ordens e Congregações Religiosas em Portugal, que decorre entre amanhã e sexta-feira na Fundação Gulbenkian, em Lisboa. Só nos últimos três anos de República (1923-26) foram criadas em Portugal cinco novas congregações religiosas, quatro das quais de origem portuguesa, um dado que será apresentado nestes dias do congresso.
Esta é a primeira iniciativa do género no mundo a reunir tantos especialistas — há mais de 180 conferencistas oriundos de todos os continentes, e 600 participantes. Nos quatro dias de debates, serão dissecados todos os aspectos relativos às primeiras “multinacionais” católicas, as primeiras organizações a fazer a globalização, como se lhes refere o historiador.
As congregações fundadas na I República foram as Servas de Nossa Senhora de Fátima, Criaditas dos Pobres, Oblatas do Divino Coração e Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima. De França, veio a primeira comunidade das Irmãs da Apresentação de Maria.
No tempo da Monarquia constitucional, apenas tinham sido criadas duas congregações religiosas: as Dominicanas de Santa Catarina de Sena, por iniciativa de Teresa de Saldanha, e as Irmãs Vitorianas, dinamizadas por Mary Wilson, uma inglesa que vivia no Funchal.
O próprio Afonso Costa, líder republicano, “começou a tolerar a existência de hospitais” pertencentes a ordens religiosas, diz Eduardo Franco. Mas as medidas da I República “só fizeram bem, porque tiveram um efeito propulsor” para a acção das ordens religiosas, avalia o historiador.
Questões de natureza social, teológica, antropológica, histórica, patrimonial ou artística serão dissecadas nestes quatro dias. A par das polémicas e do papel das ordens religiosas na educação, saúde, cultura, missionação, povoamento do país e reconquista.

Em 1910, havia 33 institutos religiosos em Portugal, com mais de 3100 membros e 80 colégios (dos quais 26 continuaram a funcionar). Em 2008 eram 139 as congregações em Portugal (100 femininas), com mais de 6500 membros (das quais 5200 freiras). Das mais de 180 escolas católicas existentes no país, quase todas são de ordens e congregações.

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